A reforma da Previdência pune trabalhadores e beneficia empregadores
Não podemos nos esquecer de tudo que acontece com o atual governo; da guerra para aniquilar direitos, inclusive na reforma da Previdência, repleta de artigos visando mais retrocessos, dificultando ainda mais a conquista da aposentadoria. Exemplo disso é a proposta indecente de os aposentados perderem um direito e continuar bancando uma obrigação. Ou seja, quem continuar trabalhando, após obter a aposentadoria, não receber o FGTS e a multa de 40% em caso de demissão sem justa causa. Por outro lado continuarão pagando a contribuição ao INSS de 7,5% a 11,68%, conforme o salário.
Sem sombra de dúvida, a reforma da Previdência tem como objetivo favorecer às empresas, na contramão do que estipula os artigos 194 e 195 da Constituição Federal de 1988. Ali está bem claro que a Seguridade Social é algo mais sério do que imagina o governo atual, que pensa apenas na redução de direitos como se isto fosse solução para os graves problemas econômicos enfrentados pelo País, fruto de uma política onde os grandes beneficiários continuam sendo os especuladores financeiros, que do Orçamento da União de 2018, encheram os cofres com R$ 1.065 trilhão só com juros e amortizações da dívida.
A desculpa esfarrapada do governo é que o FGTS é um fundo de proteção social do trabalhador em caso de desemprego, e o aposentado já recebe um benefício. A mesma coisa de dizer que se alguém já tem um par de sapatos, não precisa comprar outro calçado. A categoria precisa saber que tudo isto é parte de um projeto que começou em 2013. Naquele ano, o capital incomodado com a ascensão da classe trabalhadora, onde as oportunidades de escolaridade aumentaram, com filhos de trabalhadores chegando às universidades, o capitalismo selvagem, não satisfeito, começa a desenvolver ações para liquidar com esse projeto de inclusão, do qual a esquerda tanto trabalhou e a direita assume, através do Bolsonaro, e o grande representante deste capitalismo selvagem chama-se Paulo Guedes, que como ministro da Economia, coloca suas unhas para fora e mostra para que veio. Ele não quer deixar um legado aos trabalhadores, mas para os empregadores.
O Senado já comprovou por meio de CPI que não existe o tão falado déficit da Previdência. Pelo contrário, ela apresenta superávit todos os anos, servindo de colchão de onde o governo retira dinheiro para outros ministérios. O foco principal continua intocável: cobrar os maiores devedores da Previdência, entre eles os bancos, que continuam lucrando, mas se recusando em quitar a dívida com a União. A postura do governo via Receita Federal, é diferente contra o cidadão comum, quando deixa de recolher Imposto de Renda. Logo é punido com a suspensão do CPF, ao passo que os banqueiros continuam livres para prosseguir extorquindo a população por meio de taxas de juros que ultrapassam mais de 200% ao ano.
Grande parte do empresariado apoiou este levante e fomentou condições para que ele se tornasse realidade, culminando na eleição do atual presidente da República em 2018. Junto, ele levou parte das Forças Armadas para o poder, de onde os militares haviam saído em 1985. A diferença é que desta vez, estão no governo por meio do voto, oposto do que ocorreu em 1964, quando apoiados pelo capital internacional e setores retrógrados da sociedade, retirou do governo, um presidente eleito democraticamente, mergulhando o país num longo período de trevas.