Campanha de Lula aponta lentidão para garantir na Justiça suspensão de fake news e cobra plataformas
PT liga alerta para a reta final do segundo turno diante do aumento de mentiras contra Lula e pede esforço do TSE no combate às fake news. Coligação também cobra que as redes sociais sejam acionadas para retirar com maior celeridade peças suspensas pela Justiça
São Paulo – Em meio à proliferação de fake news contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta reta final das eleições, a campanha do petista tem cobrado esforço do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e das plataformas no combate à desinformação pelas redes sociais e meios de comunicação. De acordo com o comitê eleitoral do ex-presidente, há morosidade em garantir na Justiça a suspensão de mentiras, como ocorreu no caso da fake news de que Lula fecharia igrejas.
A campanha do PT também queixa-se do descompasso do tribunal em responder às denúncias. Ela cita como exemplo a suspensão do vídeo que associava o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) ao canibalismo. A peça, que reproduzia uma afirmação do próprio Bolsonaro de que ele aceitaria “comer carne humana”, foi retirado do ar em 24 horas. Enquanto uma propaganda ofensiva contra Lula foi exibida por 10 dias até ser removida.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, em reunião com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, nessa segunda-feira (17), integrantes da campanha de Lula pediram ao magistrado que atue junto às plataformas para garantir a retirada de notícias consideradas falsas mais rapidamente. Segundo os relatos de quem estava no encontro, Moraes afirmou que as empresas teriam desacelerado na resposta às determinação do tribunal. Mas que solicitaria a elas mais atenção ao tema, sobretudo nos dois últimos dias antes da votação.
Fake news crescem no 2º turno
A área digital da campanha de Lula aponta um aumento das denúncias contra fake news em seus canais neste segundo turno. Do dia 3 de outubro até a última sexta (16), foram 10,2 mil denúncias recebidas pela equipe. O comitê eleitoral do PT já estuda, inclusive, fazer uma espécie de maratona contra fake news nos três dias que antecedem a data da votação, na próxima semana.
“Nós já pedimos ao TSE que haja ao menos no cumprimento daquilo que as plataformas já haviam acordado com o tribunal antes das eleições”, afirmou o advogado Cristiano Zanin, que integra o núcleo jurídico da campanha de Lula. O presidente do TSE também terá uma reunião com representantes das empresas Meta, Twitter, TikTok, Kwai, Linkedin, Telegram, Google e YouTube.
Ainda segundo informações da Folha, o disparo de fake news e a guerra na área de costumes é hoje uma das principais preocupações do PT. A avaliação de aliados de Lula é que, assim como nas eleições de 2018, a campanha mais uma vez subestimou o poder das notícias falsas. Diante do bombardeiro de mentiras, disparado por bolsonaristas, uma das alas do partido defende a atuação do deputado federal André Janones (Avante-MG). O parlamentar é defensor da tese de responder à campanha de Bolsonaro “com as mesmas armas”, conforme sugere.
Máquina bolsonarista de mentiras
A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) também alerta que a equipe bolsonarista é responsável por um “ecossistema de divulgação de fake news”. De acordo com Gleisi, o jurídico do partido verificou mais de 40 perfis propagadores de fake news. Ou “pessoas que trabalham de forma coordenada na propagação de fake news”, destaca. “O problema é que a sensação que nós temos é que estamos enxugando gelo, não dá para retirar apenas a propaganda. Nós temos um esquema no país de produção, coordenação e operacionalização de fake news”, observou Gleisi ao TSE.
A presidente do PT também criticou a decisão de Moraes que determinou a remoção dos vídeos que mostram a fala de Bolsonaro, associada à pedofilia, de que “pintou um clima” entre ele e adolescentes venezuelanas. O partido recorreu da decisão. “Eu acho que ele (presidente do TSE) está na tentativa de mediar, tentar igualar, mas não são coisas iguais”, justificou Gleisi.
Um levantamento do jornal mostrou que, proporcionalmente, a campanha de Bolsonaro já teve 85% das ações sobre fake news atendidas pelo tribunal. Enquanto a do PT teve 55% de decisões favoráveis. (RBA – Imagem: pixabay)