Depois de aumento de 11% nos remédios, planos de saúde podem subir até 18%
O setor dos planos de saúde prevê aumento entre 15% e 18,2% nos preços dos planos individuais a partir de maio. O valor será definido nas próximas semanas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Assim, será o maior aumento nas duas últimas duas décadas. O anúncio vem poucos dias depois de o governo ter autorizado, na sexta (1º), aumento de até 10,8% no preço dos medicamentos. Desse modo, a inflação nos próximos meses pode ter mais um fator de pressão, como é o caso dos combustíveis.
O atual recorde de aumento no preço dos planos de saúde é de 13,57% é de 2016. No ano passado, os planos individuais tiveram um desconto de 8,2%, devido à redução da demanda para uso dos serviços médicos oferecidos em 2020.
A menor projeção de aumento dos planos de saúde está em um recente relatório do banco BTG Pactual, que aponta uma correção de 15%. Já um estudo do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), calcula alta de 18,2%. Por outro lado, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) estima um reajuste de 16,3%.
Planos de saúde
Em entrevista a O Globo, o superintendente executivo da Abramge, Marcos Novais, alega que os custos de material descartável e equipamentos importados têm impacto nos planos de saúde. “O setor registra um aumento de custos no período. Observamos um novo padrão de utilização dos serviços após a pandemia. As altas nos preços dos medicamentos, em dois anos, somam quase 24%, o que é significativo para as operadoras”, argumentou.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) informou que diversos fatores influenciam no aumento dos planos de saúde. Por exemplo, o aumento do preço de medicamentos e insumos médicos, o crescimento da utilização de recursos dos planos e incorporação de novas coberturas obrigatórias, como medicamentos e procedimentos. Mas a FenaSaúde diz que são esperados ainda os impactos de tratamentos da chamada covid longa. Segundo a OMS, as sequelas atingem 10% a 20% dos que contraíram a doença, o que significa até 6 milhões de pessoas no Brasil.
Segundo a coordenadora do programa de Saúde do Idec, Ana Carolina Navarrete, as projeções do mercado não refletem dados de utilização dos planos de saúde pelos usuários, a chamada sinistralidade, medida pela própria ANS. Em junho de 2021, a ANS publicou um estudo que mostrou que a sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 permaneceu inferior ao observado no mesmo período de 2019, entre 75% e 77%. (RBA)
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