Haddad apresenta propostas, Garcia se mostra como terceira via e Tarcísio aposta no bolsonarismo
O petista líder das pesquisas também lembrou de alianças. “Temos o melhor time. Alckmin, Marina, Boulos, Lula”
O debate entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado na noite de ontem (7), na TV Band, contou com posturas distintas dos candidatos. De um lado, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) apostou na nacionalização. Ele buscou fazer referência ao presidente, de quem foi ministro da Infraestrutura. Já o líder das pesquisas, Fernando Haddad (PT), destacou as propostas de governo, lembrou de sua experiência como prefeito e também fez referência a sua experiência no Executivo nacional, quando ministro da Educação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Candidato tucano que busca reeleição, Rodrigo Garcia se esforçou para se apresentar como uma “terceira via”. Em mais de uma ocasião, Garcia disse não representar “esquerda, nem direita”. Como atual governador, representante de um partido que está no comando do estado há quase três décadas, ele também foi alvo de críticas dos demais.
“Se pegarmos o investimento de São Paulo entre 2011 e 2014, foi 96 bilhões de reais em valores atualizados. Se pegarmos o investimento 2015 a 2018, foi de 68 bilhões. Nesse atual quadriênio, aumentando imposto até de leite, de carro usado, confiscando professor, o investimento não vai chegar em 50 bilhões. Tem algo errado no estado”, disse Haddad.
Os demais candidatos, Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT), adotaram um tom mais ameno de apresentação de propostas. Enquanto Poit reforçou a defesa do empreendedor repetidamente, Cezar lembrou de ações e projetos que liderou enquanto prefeito da cidade de Santana do Parnaíba. “Me preparei nos últimos 20 anos para estar aqui. Para combater o bom combate. Quero ser governador porque estou preparado para fazer um movimento pela educação”, disse Cezar.
Momentos quentes
O momento mais acalorado de Poit foi em debate direto com Tarcísio. Poit questionou o bolsonarista sobre alianças e parcerias que o político vem realizando durante a pré-campanha. “Por que andar em São Paulo com Eduardo Cunha? Por que gravar vídeo com candidato investigado por ligação com o PCC? Por que andar com tanto bandido perto? Por que andar com Valdemar da Costa Neto?”, questionou. Tarcísio não respondeu.
Em outro momento de embate mais claro, Haddad teceu críticas ao atual governador. “Quando fui prefeito da capital, realizei o maior investimento dos últimos 30 anos, quase 6 bilhões de investimento por ano. Obras concluídas com dinheiro em caixa fruto da renegociação da dívida com a União. Hoje, São Paulo vive um drama. O investimento caiu 50% em relação há 8 anos. Cortaram o Leve Leite, aumentaram imposto sobre medicamentos, cortaram o passe livre do idoso (…) Vocês estão há 28 anos no estado de São Paulo. Coisas foram feitas. Na capital, em apenas 12 anos, mais da metade dos hospitais da cidade inteira foram iniciados e concluídos em governos do PT: eu, Marta (Suplicy) ou (Luiza) Erundina”.
Cezar também citou problemas da atual gestão, ao lembrar que o estado tem dinheiro em caixa e pouco planejamento de gastos. “O governo estadual tem caixa cheio e não tira projetos do papel. Casa Paulista, CDHU, sem eficiência. Não conseguimos entregar casas, apartamentos. Quando digo isso, querem explicar o que não têm. Como governador, vou fazer. Utilizaremos todos os meios. Cooperativas, iniciativa direta, CDHU”, disse.
Projeto
Durante o debate, além de perguntas diretas entre os candidatos, jornalistas fizeram questionamentos sobre problemas urbanos. Em certo momento, Haddad e Tarcísio foram questionados sobre uma possível privatização da empresa de saneamento básico do estado, a Sabesp. Haddad foi categórico em defender que serviços essenciais devem ser públicos. “Sou absolutamente contra a privatização da Sabesp. O consumidor vai ver a conta de água subir muito. A Sabesp é uma empresa de capital aberto. Não acho aceitável a proposta de privatizar a Sabesp. Prometeram a privatização da energia elétrica nos anos 1990. Veja quando você paga hoje. Compara com o passado. As tarifas públicas são sistematicamente mais elevadas depois das privatizações”, disse.
Palavra final
Por fim, Haddad defendeu o fortalecimento de serviços públicos estratégicos. “Educação e Trabalho. Sem isso não se constrói uma sociedade. Com esse salário mínimo, você não vai colocar comida na mesa. Sem hospitais Dia, apoio às Santas Casas, ao Samu, você não vai ter Saúde de qualidade. Precisamos revolucionar o ensino médio para a juventude não ficar desempregada. Temos o melhor time. Alckmin, Marina, Boulos, Lula, para mudar São Paulo”.
Durante as breves palavras finais, o atual governador reforçou sua estratégia de tentar se afastar da polarização nacional. “Sei que as coisas não estão perfeitas e temos muito o que fazer. Precisamos garantir as conquistas que temos. Estou aqui para dar tranquilidade para a população. Estou muito preocupado com o Brasil. Desde que a briga política começou, o que melhorou na sua vida? Nada”, disse.
Tarcísio, por sua vez, chegou a dar desculpas pela situação de empobrecimento, marca do governo de seu padrinho político, Bolsonaro. “Agradeço a Deus, ao grupo Band. Vi um país que passou por crises muito severas, covid, guerra da Ucrânia”. (RBA – Imagem: Reprodução/TV Band)