Programa de Atenção à Saúde da Mulher celebra 35 anos sob ataques
Lançado em 1984, como fruto da lutas das mulheres, PAISM impulsionou a ideia de que saúde e adoecimento tem género
O mês de março remete às lutas pelos direitos das mulheres, também a avaliações sobre o que houve de avanços, de perdas e demandas.
No Repórter SUS dessa semana, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), a professora Cláudia Bonan, integrante do programa de pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira da Fiocruz, analisa o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), fruto da mobilização das mulheres, que está completando 35 anos.
“Esse programa pioneiro, lançado em 1984 pelo Ministério da Saúde, foi fruto das lutas das mulheres que, junto de outros movimentos sociais, forjaram novos marcos políticos e éticos que reorientaram o conceito de saúde e o campo das práticas de assistência em saúde no Brasil”, analisa a professora.
Outra grande novidade histórica que o PAISM impulsionou, segundo Bonan, é que a ideia de saúde e adoecimento tem gênero. “Desigualdades, hierarquias, opressões, explorações naturalizadas em função de estereótipos de gênero produzem condições de saúde e de adoecimento diferentes para homens e mulheres”, detalha.
Nesse sentido, o programa deu margem a um conjunto de ações dos mais variados temas de saúde da mulher. Nas décadas mais recentes, o reconhecimento à heterogeneidade que permeia o universo feminino potencializou a implantações de outros programas e diretrizes direcionadas às mulheres negras, lésbicas, jovens, que vivem em situação de prisão, profissionais do sexo.
Entretanto, Bonan alerta que as ameaças de desmonte de direitos constitucionais dos últimos anos, caracterizados pela Emenda Constitucional 95, que congela gastos com áreas sociais, a proposta de reforma da Previdência, e outras ações que afetam diretamente as mulheres exigem mobilização permanente da sociedade neste março de 2019.
por Ana Paula Evangelista
edição de Cecília Figueiredo
Fonte: Brasil de Fato