Rússia e China mostram sintonia em ‘momento crucial para a humanidade’
Xi Jinping defendeu oposição “a sanções unilaterais e ao abuso de sanções” e Vladimir Putin condenou “ações egoístas de Estados individuais”
Os cinco chefes de Estado também reafirmaram compromisso com um mundo livre de armas nucleares. Prometeram ainda incentivar participação mais significativa dos países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos nos processos globais.
Afinados
Os presidentes da China e da Rússia demonstraram sintonia durante a reunião. Xi Jinping criticou o que chamou de “abuso” das sanções ocidentais contra Moscou pelo conflito com a Ucrânia. “Devemos abandonar a mentalidade da Guerra Fria, bloquear o confronto e nos opor a sanções unilaterais, (assim como) ao abuso de sanções”, disse o chinês.
São Paulo – Com participação dos chefes de governos dos países do Brics – Rússia (Vladimir Putin), China (Xi Jinping), Índia (Narendra Modi), África do Sul (Cyril Ramaphosa) e Brasil (Jair Bolsonaro) – a 14ª Cúpula do bloco discutiu nesta quinta-feira (23) vários temas, entre os quais a guerra na Europa. Em sessão virtual, todos assinaram uma declaração conjunta divulgada após a reunião. O documento afirma que as cinco nações do bloco expressaram apoio às negociações entre russos e ucranianos, tanto no Conselho de Segurança das Nações Unidas como na Assembleia Geral da ONU.
Em outro trecho, a declaração conjunta diz que os chefes de governo concordam “em continuar aprofundando a cooperação em questões de concorrência dos países do Brics e criar condições para uma concorrência leal no comércio internacional e na cooperação econômica”.
Ele sugeriu que os cinco integrantes do bloco assumam responsabilidades equivalentes à sua influência econômica. Acrescentou a necessidade de se defender um sistema internacional realmente multinacional, baseado nas Nações Unidas. “Nossa reunião hoje ocorre em um momento crucial de escolha para o futuro da humanidade. Como principais mercados emergentes e países em desenvolvimento, os países do Brics devem assumir responsabilidades”, disse o líder chinês, segundo a CNN.
“Para que os países dos Brics assumam um papel de liderança, hoje é mais necessário do que nunca elaborar uma política unificadora e positiva, a fim de criar um sistema (mundial) verdadeiramente multipolar”, disse Putin, por sua vez.
“Estados individuais”
O líder russo pediu cooperação mais efetiva no âmbito do Brics e criticou o Ocidente por fomentar uma crise, segundo ele. “Somente com base em uma cooperação honesta e mutuamente benéfica podemos procurar maneiras de sair da situação de crise que se desenvolveu na economia global devido às ações egoístas e mal consideradas de Estados individuais”, afirmou.
Na quarta-feira, (22), em discurso no Fórum Empresarial do Brics, Putin defendeu “a criação da moeda de reserva internacional” e afirmou que a medida “está em análise”.
Já o presidente brasileiro destacou a necessidade de uma reforma em organizações internacionais, mencionando em particular o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Bolsonaro acrescentou que o Brasil aprofundará sua integração econômica com o bloco. “Devemos somar esforços em busca da reforma das organizações internacionais, como o Banco Mundial, o FMI e o sistema das Nações Unidas, em especial o seu Conselho de Segurança. O peso crescente das economias emergentes e em desenvolvimento deve ter a devida e merecida representação”, afirmou. O brasileiro não citou a guerra na Ucrânia. (RBA)
Imagem: Reprodução/Arte: Leandro Siman