Saiba tudo sobre a vacina da Janssen, o imunizante de dose única que chega ao Brasil
País comprou 3 milhões de doses do produto, que precisa ser mantido refrigerado e deve ser distribuído até 8 de agosto
O primeiro lote com 1,5 milhão de doses do imunizante do laboratório Janssen, do grupo Johnson & Johnson, chegou nesta terça-feira (22) ao Brasil. O uso emergencial da vacina – que é aplicada em dose única – foi aprovado em 31 de março de 2021 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Até o fim do mês, mais um lote com 1,5 milhão de doses deve chegar ao país. Com isso, com as doses compradas pelo Ministério da Saúde, será possível imunizar 3 milhões de pessoas até 8 de agosto, quando os imunizantes perdem a validade. O protocolo de armazenamento prevê a refrigeração do medicamento entre 2°C a 8°C, como recomendado pelo fabricante e determinado pela Anvisa.
Pelas condições logísticas demandadas pelo imunizante, apenas as capitais de estado receberão as 3 milhões de doses, conforme determinou a pasta da Saúde.
Taxa de eficácia, variantes e quantidade de doses
A aplicação em uma dose única é a grande diferença prática do produto da Janssen em relação aos demais imunizantes distribuídos no Brasil até então, como CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Cada ampola deve ser suficiente para a aplicação de dez doses, sendo de 0,5 ml cada dose.
Segundo dados da farmacêutica publicados na revista científica “New England Journal of Medicine”, o imunizante apresenta uma eficácia de 66% contra casos moderados, 85,4% contra casos graves e, por fim, 100% contra hospitalização e morte por covid-19, após 28 dias da aplicação da dose.
O estudo que permitiu chegar a esses números foi realizado com pouco menos de 44 mil voluntários de oito países, incluindo Estados Unidos, Brasil e África do Sul. Desses, 34% tinham mais de 60 anos de idade.
Proteção contra variantes
Em relação às variantes do Sars-CoV-2, o imunizante apresentou uma proteção de 64% contra casos moderados e de 82% contra casos graves da variante Beta, identificada pela primeira vez na África do Sul e considerada uma das mais contagiosas, ao lado da variante Delta, identificada na Índia.
Quanto a esta última, ainda não foram divulgadas as taxas de proteção. Mas, segundo a chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, as vacinas existentes até o momento são eficazes contra a variante indiana.
“A boa notícia é que até agora as vacinas funcionam contra a Delta”, afirmou Kerkhove, durante entrevista coletiva, nesta segunda-feira (21). No entanto, caso a imunização não seja acelerada, “pode haver um momento em que surja uma ‘constelação de mutações’ e tenha uma contra a qual elas percam sua potência”.
Tecnologia utilizada
O laboratório Janssen utiliza a tecnologia de vetor viral recombinante: um outro vírus, denominado cientificamente como adenovírus, carrega o material genético do Sars-CoV-2 para dentro do corpo humano, o que estimula a infecção de células humanas e, consequentemente, de anticorpos, mas sem a reprodução do vírus. Por isso, não causa doença. Mecanismo semelhante é utilizado pelas vacinas Sputnik V, AstraZeneca e Pfizer.
Reações provocadas pelo imunizante
De acordo com a bula da vacina, as reações mais comuns são dor, vermelhidão e inchaço no local da aplicação. Também foram registrados alguns efeitos colaterais como dor de cabeça, cansaço, dores musculares, febre e náusea.
Alguns efeitos adversos graves, considerados extremamente raros, podem ser identificados até uma hora após a aplicação, o que inclui inchaço na garganta, batimento cardíaco acelerado, tontura, fraqueza e dificuldade de respirar. Já a formação de coágulos sanguíneos pode afetar somente uma a cada 10 mil pessoas.
Vale lembrar que um estudo britânico, publicado no dia 15 de abril, demonstrou que há mais riscos de aparecimento de coágulos sanguíneos cerebrais em pacientes com covid-19 do que entre aqueles que foram imunizados.
De acordo com a pesquisa, a trombose venosa cerebral ocorreu em 39 pessoas dentro de um universo de 1 milhão de infectados. Já os números da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) mostram que cinco entre 1 milhão de imunizados tiveram trombose.
Quem pode tomar a vacina da Janssen?
Segundo a bula da vacina, o imunizante pode ser aplicado em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. Quanto aos adolescentes e crianças, não foram estabelecidas a segurança e a eficácia da vacina contra a covid-19, que, portanto, não deve ser aplicada nesse público.
Aqueles que têm reação alérgica a qualquer um dos ingredientes, como ácido cítrico mono-hidratado, etanol, ácido clorídrico, polissorbato 80, cloreto de sódio e hidróxido de sódio, também não podem ter o produto inoculado.
Quanto às gestantes e mulheres que estejam amamentando, a orientação buscar um médico antes de tomar a vacina. Também devem ficar atentos e procurar uma consulta médica aqueles que já tiveram alguma reação alérgica após a aplicação de outra vacina; estão com alguma infecção grave com febre acima de 38ºC; têm problemas de hemorragia ou cujo sistema imunológico esteja enfraquecido.Caroline Oliveira/BF